segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

RECORTES - FERNANDO PESSOA

Desde o início do blog, publico, vez por outra, poemas de autores diversos, inclusive alguns que escrevo por hobby, com o intuito de acrescentar um pouco de lírica na forma de se ver o mundo e as inquietudes do nosso momento na História.
 
Hoje, farei a última publicação do ano com tal intuito. Escolhi Fernando Pessoa, mas não irei publicar nenhum poema completo. Soltarei na tela trechos de alguns dos seus trabalhos. Farei recortes e os colarei ao léu nesta tela branca. Vindo do Fernando Pessoa, sei que terá significado.
 
" Tenho que escolher o que detesto - ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a ação, que a minha sensibilidade repugna; ou a ação, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.
 Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum, mas, como hei de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra."
 
"...
Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora."

 
" Se dentre as mulheres da terra eu vier um dia a colher uma esposa, que a tua prece por mim seja esta - que de qualquer modo ela seja estéril. Mas pode também, se por mim rezares, que eu não venha nunca a obter essa esposa suposta.
 Só a esterilidade é nobre e digna. Só o matar o que nunca foi é raro e sublime e absurdo."
 
"...
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
 
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…"

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